Sim, Maria Santíssima é sempre virgem!
Maria, sempre Virgem, Mãe de Deus,
Imaculada e assunta ao Céu.
Imagens: Nossa Senhora das Vitórias e Santuário de Fátima extraídas da internet.
“ Consta pela profecia de Isaías: “ Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará 'Deus conosco'".- Isaías 7,14
“(...) e o nome da Virgem era Maria ”.- s. Lucas 1,27
“ Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, SEM QUE ELE A TIVESSE CONHECIDO, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus ”.- s. Mateus 1,24
Aqui, São Mateus evoca o fato de São José não ter conhecido Maria Santíssima ”.[1]
Nossa Senhora foi virgem no parto.
“ São Lucas indica indiretamente a virgindade no parto. Se Jesus tivesse nascido como os demais, Maria não teria podido prestar-lhe todos os primeiros cuidados, por suas próprias mãos: “ E deu à luz a seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio ”.- s. Lucas 2,7
Afinal, Nossa Senhora concebeu miraculosamente de Nosso Senhor, não concebeu de varão algum, foi virtude divina (s. Lucas 1,31-35). Logo seu nascimento foi também miraculoso, e por isso, São Lucas indica que ela prestou os cuidados a Jesus reclinando-o em uma manjedoura. Se ela tivesse tido Jesus como todas as mulheres, quem devia ter dado os primeiros auxílios à Jesus era São José, que não foi o caso! ”.[1]
Nossa Senhora foi virgem depois do parto.
“ De s. Lucas 1,34 conclui-se que Maria Santíssima tinha o firme propósito de “não conhecer varão”. Aceita a missão de ser a mãe do Messias, após o anjo ter garantido que tudo se fará “por obra do Espírito Santo”.
“Irmãos” na bíblia pode significar os nascidos dos mesmos pais: Gênesis 4,9; do mesmo pai ou da mesma mãe: Gênesis 42,15; Juízes 9,5; os parentes: Gênesis 13,8; os pertencentes a uma mesma tribo: 2 Samuel 19,12; os pertencentes ao mesmo povo: Êxodo 2,11; os pertencentes à mesma natureza humana: Gênesis 9,5; s. Mateus 5,22; 7,3; Hebreus 2,11; os que, renascidos pela fé e pelo batismo, invocam um mesmo pai celeste: s. Mateus 6,8-15; s. João 1,13; 3,5; Atos 10,23; Colossenses 1,2; 1s. João 3,9s; 5,1;
Os “irmãos de Jesus” são indicados: Tiago, José, Judas, Simão: s. Marcos 6,3. Não se trata, porém, de irmãos no sentido estrito, filhos dos mesmos pais. Os evangelistas afirmam que Jesus foi o filho único da Santíssima Virgem Maria: “ Não é ele o carpinteiro, O FILHO DE MARIA (...)”.- s. Marcos 6,3; s. João 19,26s.
Nem há motivo para supor que São José tivesse outros filhos de um matrimônio anterior.
Por outro lado, a palavra “primo” não existe nem na língua hebraica nem na aramaica, língua falada por Nosso Senhor e por Sua Mãe Santíssima. Os “irmãos de Jesus” tinham outra mãe que não Maria Santíssima.
O Evangelho de São Mateus 27,56 menciona, entre as mulheres presentes à crucificação de Cristo, Maria, mãe de Tiago e José, s. Mateus 27,56. Essa Maria é esposa de Cléofas, conforme s. João 19,25. Provavelmente se trata de uma parenta de Maria, mãe de Jesus.
Portanto, Maria e seu esposo Cléofas eram os pais de Tiago e de José. Eles tinham ainda outro filho por nome Judas, que em sua epístola se diz irmão de Tiago, s. Judas 1,1. Este Tiago só pode ser o filho de Cléofas, pois o outro Tiago era irmão de São João Evangelista, que era filho de Zebedeu, s. Mateus 10,2.
Resta Simão. Egesipo, do século II, também o dá como filho de Cléofas. Não constam seus pais na bíblia.
Tenha-se em conta que Nossa Senhora é chamada “mãe de Jesus”. Se Maria tivesse algum outro filho, Jesus não a teria confiado a São João Evangelista, filho de Zebedeu, s. João 19,25.
A Sagrada família de Nazaré aparece apenas com três pessoas: Jesus Maria e José. Aos doze anos, Jesus vai ao templo exclusivamente com Maria e José, s. Lucas 2,41-52 ”.[1]
Algumas objeções:
“ Objeção 1 : ela é tirada do título de “primogênito” atribuído a Jesus em Lucas 2,7. Daí concluem algumas pessoas más que Maria teve outros filhos além de Jesus.
Isso revela grande ignorância, pois “primogênito” é termo jurídico da Bíblia que tem significado bem determinado: é o primeiro filho, quer venha outro, quer não. Não se esperava por outro filho para que o 1º fosse tido e tratado como primogênito a vida toda.
Confirma isto o túmulo, recém-descoberto, de uma judia do 1º século, com a inscrição: “Aqui jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito”.
Objeção 2: é tirada de (Mateus 1,25), onde se lê: “E José não a conheceu até que ela deu à luz. . .” os protestantes, por exemplo, concluem que a conheceu depois.
Mais uma vez outra falsa conclusão. Parece desconhecerem que a expressão “até que” é, na Bíblia, um hebrismo que significa “Sem que”, invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria “deu á luzsem que José A tivesse conhecido”, e nada mais.
São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: “O coração do justo está firme e não temerá “até que” veja confundidos os seus inimigos”(Salmos 111,8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido é:“os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”.
Assim Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem participação de José”. Conferir na Bíblia outros casos desse modo de falar: (Deuteronômio 7,24) (Sabedoria 10,14) (Salmos 56,2 71,7; 93,12-13; 109,1) (Isaias 22,14) (Mateus 5,18 22,44) (Hebreus 1,13; 10,12-13; etc.)
Objeção 3: é tirada de (Mt 1,18) onde se lê que Maria concebeu do Espírito Santo “antes que coabitassem”. Os protestantes e demais inimigos da verdade concluem erradamente que conheceu depois.
Isso porque eles não se importam com o contexto literário e histórico da Bíblia. E tomam, no caso, “coabitar” no sentido de relação carnal, quando, pelo contexto, e pelo modo como os judeus se casavam, só cabe o sentido de “morar juntos”.
De fato, o casamento dos judeus era feito em duas etapas: a 1ª se realizava na casa dos pais da moça em cerimônia simples. Marcavam-se então as núpcias festivas - era a segunda etapa - na qual a esposa era levada para a casa do esposo. Era esta a coabitação (morar juntos), de que fala o evangelista no citado texto. Foi entre essas duas cerimônias que se deu o mistério da Encarnação.
Segundo a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja, Maria teve um único filho, e disso, nós temos certeza ”.[2]
Cristianismo primitivo
No cristianismo primitivo, alguns como Tertuliano colocaram em dúvida a virgindade perpétua da Sempre Virgem Maria, baseado em uma interpretação particular e sem base do evangelho de S. Mateus 1,25. Após ele, no século IV, Helvídico sustenta a mesma interpretação apoiado na autoridade de Tertuliano, ao que São Jerônimo responde que “Tertuliano não era um homem da Igreja ”.[3]
Já no século IV, a doutrina já estava bem estabelecida.[4]
Por exemplo, referências a ela podem ser encontradas nas obras do século anterior (séc. III) de Santo Hipólito de Roma, que chamava Maria de “tabernáculo isento de poluição e corrupção” [5]. E nas obras do século IV de Santo Atanásio [6]; Santo Epifânio [7]; Santo Hilário [8]; Dídimo, o Cego [9]; Santo Ambrósio [10]; São Jerônimo [11] e do papa Sirício [12].
São João Crisóstomo (347–407) defendia a virgindade perpétua baseado em diversos argumentos, um dos quais os comandos que Nosso Senhor Jesus deu à Sua Imaculada mãe no Calvário, “Mulher, eis aí teu filho! ”. (s. João 19,26), e ao discípulo amado, “Eis aí tua mãe! ”.(s. João 19,27).[13]
Desde o século II estas duas frases de Nosso Senhor Jesus na cruz tem sido utilizadas como racionais para o fato de a Sempre Virgem Maria não ter tido outros filhos e que “dessa hora em diante o discípulo a tomou para sua casa” justamente por que, após a morte de Nosso Senhor Jesus e de São José, não haveria mais ninguém para cuidar da Santíssima Virgem Maria.[14]
Santo Agostinho, no século IV, apresentou diversos argumentos a favor da doutrina da virgindade perpétua [15]. No final do século IV, “Como será isso, uma vez que não conheço varão? ”. (s. Lucas 1,34) começou a ser interpretado como uma indicação de um “voto de perpétua virgindade” por parte de Maria.[16]
No início do século VII, no “Pequeno Livro sobre a Virgindade Perpétua da Abençoada Maria”, Santo Isidoro de Sevilla liga temas mariológicos e cristológicos ao relacionar a virgindade de Maria com a divindade de Cristo num único argumento.[17]
Até que no ano 649 d.C, o Concílio de Latrão, que teve a presença de São Máximo, o Confessor, explicitamente definiu como Dogma de Fé o ensinamento sobre a virgindade da Sempre Virgem Maria antes, durante e depois do parto.[18]
Notas:
[1]. Adaptação do índice da Bíblia Ave Maria, edição de 1959.
[2]. Adaptação das objeções respondidas por Jaime Francisco de Moura.
[3]. Tertullian, Treatises on marriage and remarriage: - Page 160 ed. T. C. Lawler, Walter J. Burghardt - 1951.
[4]. L. Gambero,Mary and the Fathers of the Churchtrans. T. Buffer (San Francisco: Ignatius, 1991) pp. 97-98.
[5]. This Is the Faithby Francis J. Ripley.
[6]. Athanasius, Orations against the Arians 2.70.
[7]. Epiphanius of Salamis, The Man Well-Anchored 120, c.f. Medicine Chest Against All Heresies 78:6.
[8]. Hilary of Poitiers, Commentary on Matthew §1:4.
[9]. Didymus the Blind, The Trinity 3:4.
[10]. Ambrose of Milan, Letters 63:111.
[11]. Jerome, Against Helvetius, 21.
[12]. Denziger §91.
[13]. Mary for evangelicals: toward an understanding of the mother of our Lordby Tim S. Perry, William J. Abraham 2006, pages 153-15. John 11-21by Joel C. Elowsky 2007.
[14]. Burke, Raymond L.; et al. (2008).Mariology: A Guide for Priests, Deacons, Seminarians, and Consecrated Persons, pages 308-30945. Mark Miravalle, 1993, Introduction to Mary, Queenship Publishing, pages 62-63.
[15]. Augustine through the ages: an encyclopediaby John C. Cavadini, page 544. St. Augustine, Faith, Hope & Charity By J. Kuasten, Saint Augustine (Bishop of Hippo.),page 126.
[16]. Mary in the New Testament edited by Raymond Edward Brown, pages 278-281.
[17]. The History of Theology: Middle Agesby Giulio D'Onofrio, Basil Studer 2008, page 38.
[18]. Denzinger n.° 255.