As 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus e história da devoção.

Sagrado Coração de Jesus. Imagem: Pinterest.

Por Católicos Romanos | 23 de Junho de 2017.

Hoje, oito dias após a festa do Santíssimo Sacramento, comemora a Santa Igreja a festa do Sagrado Coração de Jesus.

A festa de hoje foi pedida pelo próprio Nosso Senhor Jesus à uma monja da Ordem da Visitação, Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690) canonizada em 13 de Maio de 1920 pelo Papa Bento XV.

A seguir, constam os relatos das três revelações de Nosso Senhor à Santa Margarida, que ocorreram de 1673 à 1675, no mosteiro da Visitação de Paray-Lemonial, França.

Santa Margarida contempla o Divino Coração.
Autor: Desconhecido. Imagem: Google Imagens.

Primeira Revelação — 27 de Dezembro de 1673.

“ No dia 27 de Dezembro de 1673, achando-se Margarida em oração diante do SS. Sacramento, mais fervorosa do que nunca, foi arrebatada em êxtase e o Divino Salvador concedeu-lhe o privilégio do discípulo amado, permitindo-lhe que reclinasse a cabeça sobre Seu peito augusto, e experimentasse as maravilhas do Seu amor. Jesus fez-lhe depois contemplar o Seu Coração Sacratíssimo, oculto até aquele dia, todo fulgurante de luz, mais fulgido que o sol meridiano, mais transparente do que um cristal e consumido como uma fornalha pelas chamas do seu amor aos homens. A chaga que Lhe abrira na cruz o soldado romano aparecia visivelmente: estava toda circundada de espinhos e encimada por uma cruz. Enquanto Margarida, fora de si pela comoção e pelo afeto, contemplava aquele espetáculo, Nosso Senhor tomou a palavra e disse-lhe: «O Meu Coração está tão apaixonado de amor pelos homens que, já não podendo conter dentro de Si as chamas da Sua ardente caridade, vê-Se obrigado a expandi-Las por teu intermédio e a manifestar-Se, a fim de enriquecê-los dos Seus preciosos tesouros e das graças de que necessitam, para evitarem a eterna perdição.» E acrescentou: «Eu te escolhi como um abismo de indignidade e ignorância para a realização de tão grande desígnio, a fim de que seja tudo feito por Mim mesmo». Pediu-lhe depois o coração e, recebendo-o, colocou-o dentro do Seu, como um átomo numa fornalha ardente. Em seguida, retirando de Si uma chama ardente em forma de coração, colocou-lha no peito, dizendo: «Aqui tens um precioso penhor do Meu afeto. Encerro no teu peito uma centelha das chamas mais vivas do Meu amor, para te servir de coração e consumir-te até o ultimo momento. Até aqui tiveste o nome de minha escrava; de hoje em diante chamar-te-ás a discípula predileta do Meu Coração» ”.[1]

Santa Margarida contempla o Sagrado Coração.

Segunda Revelação — 1674.

“ A segunda revelação realizou-se no ano seguinte. «Uma vez em que estava exposto o SS. Sacramento, narra a santa, senti-me toda concentrada em mim mesma por um recolhimento extraordinário; apresentou-Se-me Jesus Cristo, Meu dulcíssimo Mestre, todo radiante de glória, com as Suas cinco chagas a resplandecerem como cinco sóis. Da sua humanidade sacratíssima saíam chamas por toda a parte, mas principalmente do Seu adorável peito, que ardia como uma fornalha; abrindo-O, descobriu-me Ele o Seu amantíssimo Coração nascente viva de todas aquelas labaredas. Patenteou-me as maravilhas inefáveis do Seu amor e até que excesso de caridade este o havia impelido ao amor dos homens, dos quais só recebia ingratidões. Isto, acrescentou, é mais doloroso do que tudo o que sofri na Minha Paixão, tanto que, se Me retribuíssem o que fiz com algum sinal de amor, teria por pouco tudo o que sofri por eles e quisera, se possível fosse, fazer ainda mais; entretanto só correspondem com friezas e repulsas a todas as Minhas solicitudes. Dá-Me, ao menos tu, esta alegria, suprindo quanto puderes a sua ingratidão.» Assim, depois de ter mostrado na primeira revelação o verdadeiro princípio da nova devoção, isto é, um amor, cujo fogo já não podia conter no Seu peito, Nosso Senhor agora lhe revela o caráter. Será uma reparação honrosa, uma expiação de todos os delitos do mundo, uma consolação para o Seu Coração abandonado. Margarida, humilde, desculpou-se, alegando a sua insuficiência. «Toma, replicou-lhe Jesus, o com que possas suprir ao que te falta». E dizendo isto abriu-Se o Coração Divino e desprendeu-Se dEle uma chama tão ardente que lhe fez pensar ficaria toda consumida; não podendo resistir-lhe ao ardor, pediu ao Senhor tivesse compaixão da sua fraqueza. Jesus respondeu-lhe que não temesse, pois Ele seria a sua força. Pediu-lhe duas coisas, para dispô-la ao cumprimento dos Seus desígnios: em primeiro lugar, que comungasse todas as primeiras sextas feiras de cada mês, para reparar as injúrias que recebia no SS. Sacramento; em segundo lugar, que se levantasse todas as semanas na noite de quinta para sexta feira, entre as onze e a meia noite e se prostrasse durante uma hora com a face a terra, em expiação de todos os pecados dos homens e para consolar o Seu Coração deste sensível abandono, do qual o sono dos Apóstolos no jardim das Oliveiras, era apenas um ligeiro anúncio e uma pálida imagem ”.[2]

O Sagrado Coração mostra-Se à Santa Margarida. 


Terceira Revelação — 16 de Junho de 1675.

“ Era durante a oitava do SS. Sacramento, a 16 de Junho de 1675. A santa estava ajoelhada com os olhos fitos no Tabernáculo. De repente apareceu-lhe Nosso Senhor sobre o altar e, mostrando-lhe o Seu Divino Coração, disse-lhe: «Eis aqui o Coração que tanto amou aos homens, nada poupando até definhar e consumir-Se para dar testemunho do Seu amor; e Eu, neste mistério de amor, da maior parte dos homens só recebo ingratidões, irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos com que Me afligem neste Sacramento de amor. E o que Me é mais doloroso, acrescentou com um acento que calou profundamente no coração de Margarida, é que esses são corações, a Mim consagrados».

Pediu-lhe, então Jesus que fizesse estabelecer na Igreja uma festa especial para honrar o Seu Divino Coração. «É por isso que te peço que na primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento Me seja dedicada uma festa particular para honrar o Meu Coração, comungando naquele dia, e fazendo honrosa emenda e reparação decorosa pelas indignidades que Ele recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. E eu te prometo que o Meu Coração se dilatará para expandir com abundância as riquezas do Seu amor sobre todos aqueles que Lhe renderem essa honra e procurarem que outros lha rendam».

É esta a revelação mais célebre e que contêm tudo o que concerne à devoção do Coração Divino de Jesus: o seu princípio, que nada mais é do que o amor infinito de Deus pelos homens; o seu objeto, que é o de oferecer um culto de reparação, de conforto e de honrosa emenda; o seu caráter, que é o de ser um culto público, prestado por toda a Igreja; por fim, os seus efeitos, que consistem numa nova efusão de amor divino na Igreja e mais particularmente nas almas pias que se tornarem propagadoras e apóstolos.

O Venerável Padre de la Colombière, ouvindo a narração daquela visão maravilhosa, pediu-lhe que lh'a desse por escrito a fim de a estudar atentamente e meditá-la na oração e no recolhimento. Depois de maduro exame, iluminado pelo Céu, declarou à santa que aquela revelação vinha sem dúvida de Deus e que nela podia confiar. Tranquilizada pelas suas palavras, Margarida ajoelhou-se diante do Coração Divino e consagrou-se solenemente a Ele, prestando-Lhe por primeira uma das mais puras homenagens. O Venerável Padre de la Colombière uniu-se a ela consagrando-se também ao Coração de Jesus.

Era na sexta feira, 21 de Junho do 1675, o dia seguinte ao da oitava do Corpus Christi, exatamente designado pelo Divino Salvador para se celebrar a festa em toda a cristandade. Assim recebia, na pessoa de um santo sacerdote e de uma humilde donzela, as primícias daquelas adorações, que a Santa Igreja inteira, de levante a poente e do setentrião ao meio dia, devia prestar-Lhe dentro em breve. Ó Coração dulcíssimo, templo augusto da SS. Trindade, fornalha ardente do supremo amor, límpida nascente de vida eterna, prostro-me eu também à Tua presença e consagro-me inteiramente ao Teu serviço, prometendo trazer a Teus pés a quantos puder e tornar-Te conhecido e amado por todos. Comunica, eu te suplico, ao meu coração uma centelha do Teu amor ardente, para que ele se consuma em holocausto e só por Vós palpite. Quero viver ao sopro suave da Tua devoção e morrer apertando o Teu Coração contra o meu, dormindo o sono da morte sobre o Teu peito adorável, à imitação do Discípulo Amado ”.[3]

Santa Margarida e o Sagrado Coração. Imagem: Pinterest.

“ Margarida para animar a todos narra nas suas cartas as promessas admiráveis de Nosso Senhor nas aparições com que a favorecia. Estas promessas são tão grandes e tão ricas, que nos afeiçoam ao novo culto. E notemos que os homens prometem muito e atendem pouco, ao passo que Deus cumpre fielmente as Suas palavras e vai quase sempre muito além das Suas promessas, porque os tesouros do Seu amor são inexauríveis, à semelhança do oceano, que não se abaixa por mais água que dele se tire. Se formos, pois, ternamente devotos do Divino Coração, receberemos todas essas graças maravilhosas e ainda maiores em proporção do nosso fervor. Ei-las aqui todas enumeradas:

1. Conceder-lhes-ei todas as graças necessárias ao estado em que viverem; 

2. Darei a paz às suas famílias;

3. Consolá-los-ei nas aflições;

4. Ser-lhes-ei refúgio em vida, especialmente na hora da morte;

5. Derramarei copiosas bênçãos sobre suas empresas;

6. Os pecadores acharão no Meu Coração a origem e o oceano infinito das misericórdias;

7. Os tíbios tornar-se-ão fervorosos;

8. Os fervorosos subirão em breve a grande perfeição;

9. Abençoarei aqueles lugares em que for exposta e honrada a imagem do Meu Coração;

10. Darei aos sacerdotes a força de mover os corações mais endurecidos;

11. O nome daqueles que propagarem esta devoção será escrito no Meu Coração e dEle jamais será cancelado;

12. No extremo da misericórdia do Meu Coração onipotente, concederei a todos aqueles que comungarem as primeiras sextas-feiras de cada mês, durante nove meses consecutivos, a graça do arrependimento final; pelo que, eles não morrerão sem a Minha graça e sem receber os SS. Sacramentos; o Meu Coração naquela hora extrema ser-lhes-á seguro abrigo.

Por aqui se vê claramente que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus destina-se a todas as classes de pessoas: almas fervorosas ou pecadoras, sacerdotes, seculares, religiosos, todos, enfim.

A promessa mais bela e mais importante é a ultima; ela comove profundamente o coração dos devotos. Qual de nós não tremeu porventura diante do pensamento terrível da nossa sorte na eternidade; Qual de nós não sente um arrepio de espanto em face do mistério da predestinação? Até os santos mais insignes da Igreja, depois de haverem atingido tão altos píncaros de perfeição, que parecia que estivessem nos umbrais do Céu, gelavam de temor, pensando nos juízos divinos e na fragilidade do coração humano, que pode, num instante, perverter-se e faltar à graça, como aconteceu com Judas, Tertuliano e outros infelizes apóstatas. Abramos, porém, coração à esperança e entoemos um hino de louvor e agradecimento ao Divino Coração. Ele nos promete que, se comungarmos todas as primeiras sextas-feiras durante nove meses seguidos, e Lhe formos devotos, não morreremos em sua desgraça. A devoção ao Coração de Jesus é, pois, um penhor de predestinação e quem a pratica imprime na sua alma o distintivo dos eleitos, recebendo sobre sua fronte um raio da eterna gloria do Céu ”.[4]

Notas:

[1] Padre André Beltrami, A Esposa do Sagrado Coração de Jesus, Capítulo XVI, 2ª edição Brasileira, S. Paulo
Escolas Profissionais do Lyceu C. de Jesus, 1932, (Versão PDF — Alexandria Católica).

[2] Ibid. Capítulo XVII.

[3] Ibid. Capítulo XVIII.

[4] Ibid. Capítulo XXV.

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